08 junho, 2011

História da Maia

A Maia, a cidade da Maia, é, todos o sabemos, uma criação relativamente recente. Picoto, S. Miguel de Barreiros, Vila da Maia, não são realidades tão longínquas quanto isso. A Maia cresceu e transformou-se no que é hoje essencialmente durante os últimos trinta anos.
Sabemos que em 1902 a sede do concelho foi transferida do lugar do Castêlo da Maia para o lugar do Picoto na freguesia de Barreiros, entretanto elevada à categoria de Vila. Aqui se fazia o cruzamento entre duas importantes vias: a Porto – Braga, no sentido Sul Norte (EN 14), e a então recém aberta Moreira - Ermesinde (EN 107), no sentido Poente-Nascente, tal como aconteceria já provavelmente desde a Idade Média, se não mesmo desde a época romana, o que, em parte, explicará a opção pela mudança.
O que é facto é que a Maia (vila e concelho) se manteve mais ou menos adormecida, a todos os níveis, até ao início da década de 70. A malha urbana do início de 70 era a herdeira da do princípio do século, após a alteração imposta pela construção dos Paços do Concelho inaugurada em 1903.


Este edifício veio fazer aumentar o movimento de e para o local, mas sem que isso se traduzisse ao menos a curto prazo, num significativo aumento do número de edificações. O espaço urbano da Maia era, ao tempo, "puxado" apenas por duas forças -o edifício da Câmara Municipal, a nascente, e a Igreja de S. Miguel, a Poente. Tudo o resto eram terras de potencial agrícola, muitas ainda com essa mesma vocação, outras em fase de lenta transição.
Entretanto havia-se verificado uma alteração nos finais de 40, com a demolição das Escolas Maria Pia, mandadas construir pelo Visconde de Barreiros, a deslocação da estátua do Visconde para a Alameda da República (a poente da Praça do Município), a transferência dos Correios para a Rua de Augusto Simões, o novo ajardinamento do espaço envolvente dos Paços do Concelho.









Assim, nos inícios de 70, o centro da Maia apresentava um aspecto radicalmente diferente do actual. No coração do espaço palpitava o edifício sede da Câmara Municipal. A sul, um grupo de edifícios em que preponderava a restauração, com o Miramaia, o Turista e o Infante, este no ângulo poente com a Rua de Carlos Pires Felgueiras. Mas também o Cineteatro da Maia e o edifício sede dos Serviços Municipalizados de Electricidade, ainda hoje existente, com a sua característica fachada em curva.




Diametralmente oposto a este, ocupando a esquina com a Avenida de D. Manuel II, ficava o Colégio do Bom Despacho, desaparecido em 90. Na outra esquina, um edifício onde se alojavam o café Maia Bar, que antes fora o Restaurante Costa, e a Ourivesaria Maiata, e que ficava "incrustado" na quinta do Visconde de Barreiros. Esta ocupava todo o espaço norte da actual Praça do Município, e aí se destacava aquele que foi o palacete onde o visconde residia, com o seu característico depósito de água. Depois utilizado como edifício escolar, foi também Tribunal de Trabalho, sendo demolido aquando do início da construção da Torre Lidador.
Para poente estendia-se a Alameda de Campos Henriques, como se chamava então a actual Avenida do Visconde de Barreiros, que tinha à esquina a chamada "casa do Rato", vendedor e reparador de bicicletas. A Alameda da República, entre os Paços do Concelho e o início da Alameda de Campos Henriques, foi entretanto eliminada. Nesta remodelação foi também demolida a capela de Santa Eufémia.
Simbólicos momentos. Os velhinhos Paços do Concelho, a Quinta do Visconde, a Capela, três edifícios para os quais muito contribuíra José da Silva Figueira, Visconde de Barreiros, eram demolidos. A sua demolição representou um virar de página e o início de uma nova era.